sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Florbela Espanca

Vive, poetisa morta!
Renasce das cinzas,
Faz tua a voz do povo...

Levanta as pedras tumulares que te rodeiam,
Sacia a fome de belo que este Portugal tem...
Vive, Florbela! Honra a tua morte!
(que a tua vida, de alegre nada tem...)


Mariana Reis (poema de 24/01/2006)

Sagres

Sagres
O mar abarcas por entre as pontas
e as tuas pedras ressoam
ao sabor das ondas...

És cantiga...
és tanto mar que fatiga
És sonho, és nau,
Infante santo...

E as pedras que carregas contam histórias,
contam tempos, contam ventos,
contam memórias...
Sagres,
És todo um sacrário aos pés da tua Pátria!


Mariana Reis (poema de 25/09/2005)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Amor (Luz que profana)

Que luz é esta que me chama?
Que me profana? (e, aos poucos, me engana)
Um som agudo gritando lá no fim...
Um estranho acender de alma, um sopro, um enfim.
Um peito destruído em chamas,
Ardente.
Um arranhar, um desgastar de corpos,
Doentiamente.
E um súbito beijo, (um trocar de lábios, em vão)
Perante toda uma imensa escuridão...


Mariana Reis (poema de 10/02/2004)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aqui, num cantinho do céu...

Aqui, num cantinho do céu,
Me encontro eu,
A sempre tua.
Coração leve,
Mãos lavadas,
Alma nua.
Daqui te vejo, e,
Olhando o relento,
Sinto-me como se morresse,
Mas só e apenas por dentro.

Aqui, num cantinho do céu,
Onde tudo é branco,
Onde tudo é meu,
Faleço aos poucos,
E, às escondidas de todos,
Vou amando
Cada suspiro teu...

Mariana Reis (poema de 08/09/2003)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Poeta

Um poeta é um sonhador.
Chega a sonhar tão alto,
que nem a lua, num salto,
é capaz de se lhe opôr.

E sonha então com as estrelas,
Mesmo sem poder tê-las,
vai sonhando devagarinho,
E continua a olhá-las de mansinho...

Também sonha com o universo.
E, olhando fixamente o céu,
pega de novo no papel,
e prepara-se para escrever mais um verso.

E sem nunca deitar uma lágrima,
Sem abrir o coração,
Vai calando aquela vozinha,
Que é a da própria solidão...


Mariana Reis
Poema de 26/01/2002