sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Andorinha


Ali fiquei, deitada,

(no chão que todos gostam de pisar)

E, qual andorinha cansada,

dobrei as asas, cansada de voar.


Mariana Reis (poema de 12/03/2008)

O Nome de Ofélia

Ofélia,
São encantados os passos dos teus pés,
e esse choro de ave que te torna transparente...
Trazes no cabelo o delírio das marés,
e, nas costas, duas asas impotentes.

Caminho contigo, e és uma fada indigente...
Ris da morte, ris da vida, do oceano...
E a morte ri-se de uma forma insolente,
amordaça-nos a alegria e qualquer único engano...

...mas não tens medo sequer da morte!
Dizes que nada te consegue matar...
gritas para o ar palavras à sorte!
E o nosso passeio estava quase a acabar...

Só quando chegámos ao fim da praia
eu consegui perceber, enfim,
que a morte não se ria de Ofélia.
A morte ria-se de mim...

E então, fraca e enganada,
ainda me volto para ver se a vejo...
- Porque te ris, sua descarada?
- Porque essa sou eu, disfarçada de anjo!


(Mariana Reis, poema de 18/08/2007)

Imaginário

Conta-me tudo o que não és,
diz-me o contrário.
Faz de mim um livro...
Faz-me percorrer
todos os lugares do teu imaginário,
quero perder o fôlego,
morrer só por morrer,
e ser, no fim, o mais belo campanário...


Mariana Reis (poema de 10/01/2006)