segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

São escuros, os olhos de Julieta
São olhos de quem já tudo encontrou
São raros, são da cor das violetas
Só olham para aquilo que já passou

E se estes olhos um dia falassem
diriam que não vê quem nunca amou.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Passa a noiva, com a sua nevada sombra
A arrastar um véu de manchas e farrapos
E o vestido, que é feito só de trapos
Traz na fronte um brilho cego, que ensombra

Quem a vê pairar de noite, entre os ciprestes,
Não diz nada, fica preso ao seu encanto
Porque ela foi enterrada ainda de branco
Porque aquelas são para sempre as suas vestes.


(Mariana Reis)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Este não saber de nada e nada querer
Este não fazer de conta
Este marasmo
Dá-me tamanho fervor, e tal prazer
Que hoje já pus de parte o meu sarcasmo...

Coisa estranha, esta de não saber ser
De ter sempre a alma inerte, sem um espasmo...



Mariana Reis