sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Nome de Ofélia

Ofélia,
São encantados os passos dos teus pés,
e esse choro de ave que te torna transparente...
Trazes no cabelo o delírio das marés,
e, nas costas, duas asas impotentes.

Caminho contigo, e és uma fada indigente...
Ris da morte, ris da vida, do oceano...
E a morte ri-se de uma forma insolente,
amordaça-nos a alegria e qualquer único engano...

...mas não tens medo sequer da morte!
Dizes que nada te consegue matar...
gritas para o ar palavras à sorte!
E o nosso passeio estava quase a acabar...

Só quando chegámos ao fim da praia
eu consegui perceber, enfim,
que a morte não se ria de Ofélia.
A morte ria-se de mim...

E então, fraca e enganada,
ainda me volto para ver se a vejo...
- Porque te ris, sua descarada?
- Porque essa sou eu, disfarçada de anjo!


(Mariana Reis, poema de 18/08/2007)

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